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COMO APRENDEMOS A RELACIONAR-NOS

  • Foto do escritor: Elsa Mbumba
    Elsa Mbumba
  • 11 de set. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 22 de ago. de 2024


Imagem de familia

Somos inatamente seres sociais, seres relacionais. A nossa condição humana enquanto bebés advém da relação com outros seres humanos, o que quer dizer que existe em nós uma propensão para o relacionamento interpessoal.


Ao contrário de muitos outros mamíferos e animais em geral, o ser humano nasce totalmente dependente de outrem (os cuidadores), então vincular-se com alguém não é apenas uma necessidade emocional, mas uma estratégia de sobrevivência.


É só pensarmos que se na barriga o feto era alimentado pelo cordão umbilical, quando nasce passa a ser alimentado pelo cordão emocional. O bebé não fala, então é por meio dessa conexão emocional, dessa primeira forma de comunicação e relação, que o bebé exprime que precisa ser alimentado, trocado, colocado para dormir, etc. Mas isso não implica que nascemos já sabendo relacionar-nos.


Aprendemos a relacionar-nos nas nossas relações precoces. É nessa interação com os nossos cuidadores primários, e com os seus sistemas nervosos, que internalizamos a forma como passamos a ver os relacionamentos, ao mesmo tempo que formamos as nossas estratégias para suprir as necessidades emocionais que desde essa altura começam a manifestar-se. Isto significa que os nossos padrões reacionais começam a ser criados e formatados a partir daí, e irão depender de como essa experiência precoce se irá imprimir no nosso sistema nervoso, nas nossas memórias, ou seja, os nossos padrões relacionais dependem da qualidade das nossas relações primárias.


Mas os padrões relacionais que desenvolvemos na primeira infância não são uma sentença, à medida que vamos crescendo, desenvolvemos outros tipos de relações e essas podem também ter um papel transformador nas nossas vidas, tanto para o positivo como para o negativo. Tanto podemos ter experiências primárias positivas e passar por situações ao longo da vida que propiciem uma influência negativa na forma como vemos e vivemos as relações, como o contrário.


Mas a verdade é que tendencialmente, pessoas que desenvolvem modelos relacionais mais inseguros e desorganizados tendem a atrair pessoas que solidifiquem as suas experiências prévias. Daí vermos com frequência pessoas a saltarem de relações abusivas em relações abusivas, porque provavelmente essa é a única forma a que tiveram acesso e aprenderam a relacionar-se, é como se fossem atraídas pelo reforço do trauma.


Vou deixar-vos aqui com o exemplo de uma mãe deprimida. Alguém deprimido está envolvido nos seus problemas internos e pouco envolvido na realidade que o rodeia. No caso, a mãe deprimida não quer, ou não consegue, investir no filho, ou na relação com este. E quando consegue muitas vezes há uma necessidade de compensação o que também acaba por ser prejudicial para a vivência da criança e a internalização de padrões relacionais.


- Esta criança, poderá internalizar que estar em relação com o outro significa ser reanimador do outro, o que resulta numa relação com assimetria de papéis e sem patamares de encontro. Essa criança muito facilmente tornar-se-á num adulto com um padrão relacional em que o parceiro precisa de ser cuidado, e por isso investe em relações sem simetria.


- Outra hipótese seria a criança ir internalizando que estar em relação com o outro significa estar com uma figura de fundo. Se não tiver outras relações salvadoras torna-se num adulto que tenha interesses amorosos em relações distantes, como aquelas pessoas que não conseguem estar sozinhas por exemplo, apreciam somente a existência/presença física do outro, a ideia ter companhia, facilmente satisfeitas com híper-compensações.

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