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A COVID, ALÉM DE TIRAR VIDAS, MATA TRADIÇOES

  • Foto do escritor: Elsa Mbumba
    Elsa Mbumba
  • 25 de jul. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 22 de ago. de 2024


Imagem Covid19

Indivíduos de sociedades de alta mobilidade em termos de relacionamento social, procuram, em função do impacto do Coronavírus, ajustar a vida cotidiana mais do que sociedades de baixa mobilidade relaccional. Eles podem se sentir 'encurralados', restringindo a liberdade de se relaccionar com os outros. Interacções físicas como beijos, abraços e apertos de mão são importantes para formar e fortalecer relaccionamentos. Na sociedade luandense, em particular, a agonia estende-se ao cenário de convivência social onde os tradicionais pedidos de casamento, óbitos e outras cerimónias da ancestralidade, que obrigam ao abraço e calor humano, são proibidas.


A disseminação do vírus restringe esses comportamentos e a justificação é nada mais, nada menos do que a preservação da vida humana, o bem maior.

Neste momento, a palava que superintende os nossos comportamentos provém dos profissionais de saúde, rompendo todas as barreiras culturais para garantir a continuidade da convivência de todos, até que tudo passe.


Para as diferentes comunidades, em Luanda, a coisa não é tão fácil como se pensa. Principalmente para os conservadores que, forçados pelo contexto, percebem que há toda necessidade de ouvir quem tem argumentos científicos para justificar que a COVID MATA!

As restrições adoptadas para prevenção ao novo coronavírus mexem com tradições de famílias. Para atender as normas sanitárias, agora, as despedidas dos parentes que morreram são breves, quase sem tempo para agradecimentos e homenagens. Sabemos que os óbitos são plataformas de convivência e interação familiar onde, mais do que o último adeus, a exaltação espiritual norteia o pensamento movido pela perda de um ente querido. Até despedir o falecido em condições já é proibido. Assim como é o beijo ou abraço no dia do pedido de casamento ou na cerimónia de consagração do novo membro de uma família que acaba de nascer.


Em culturas e hábitos como os de Luanda, ainda que bastante reduzidas, os mais velhos têm o papel de transmitir oralmente o conhecimento aos mais novos. A pandemia da covid-19 ameaça não apenas as vidas nesses minúsculos meios, mas toda a ancestralidade das comunidades onde cada um traz um pouco da sua cultura.

O certo é que não há hábito ou costume; rito ou ritual que possa resistir diante da força de um vírus letal. Que o digam as comunidades da Quiçama ou de Cabo Ledo, localidades onde é possível perceber-se que há uma emanação resumida no respeito aos hábitos e costumes que, grande parte deles, é coartada por uma doença que, até que a vacinação chegue ao país, não tem os dias contados, situação eleva o stress e agrava mais ainda o problema.


Enquanto isso, o PLANO DE RESPOSTA DO GPL PROCURA COMBATER A PROPAGAÇÃO DA COVID-19 COM EFICÁCIA

No âmbito do combate a Covid-19, o Gabinete Provincial de Saúde do Governo Provincial de Luanda, foi obrigado a gizar um plano de contingência que passou a funcionar, em forma de cascata, aos 9 municípios da capital, incluindo comunas e distritos urbanos.

Tendo como objectivo um maior controlo da SARSCOV-12, foram criadas comissões de trabalho que desenvolveram determinadas acções preventivas e sucessivas, que tem permitido responder com maior eficácia no estancamento da propagação descontrolada da Pandemia do Coronavírus na Província de Luanda.

Entre as acções de respostas a Covid-19, destaca-se a criação dos dez Centros de coordenação operacional da Covid-19, sendo um provincial e nove municipais, para gestão da pandemia a nível da Província de Luanda. Os respectivos centros têm como finalidade garantir uma resposta integrada às emergências da Covid-19, isto é organizar as respostas a nível das comunidades e das unidades sanitárias, tendo como principal objectivo manter o normal funcionamento dos hospitais, no contexto da Pandemia.

Após concluídas as operações de vigilância e monitoramento da Pandemia, as atenções focaram-se na reorganização e adaptação das unidades sanitárias. Neste contexto, foram capacitadas e orientadas a criarem um comité de emergência, para além disso, foram criados pontos focais em áreas específicas, com a função de prevenção e controlo de infecções, reporte de casos suspeitos de Covid-19 e gestão de insumos farmacêuticos. Para maior eficácia nos procedimentos, foi realizado um conjunto de formações com sessões de treinamento do pessoal.

No seguimento das actividades, os centros de coordenação operacional da Covid-19 realizaram acções de busca de casos domiciliares e busca activa de contactos, a partir de Novembro de 2020.

Ainda neste sentido, foram também constituídas equipas permanentes de vigilância sanitária-aeroportuárias, foram realizados testagens em massa, nas unidades sanitárias e pontos fronteiriços. No quadro do Memorando de Entendimento entre o Gabinete Provincial da Saúde e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento foi observada a implementação e execução da Estratégia de Engajamento Comunitária,

A Implementação e operacionalização da Gestão Comunitária da Desnutrição Aguda em Luanda, no âmbito do Memorando de Entedimento entre o Gabinete Provincial da Saúde de Luanda e o Programa Alimentar Mundial (PAM), fazem parte da resposta do programa criado pela área de Saúde do GPL.

Por fim, foi reforçado o sistema de referência e contra-referência dos pacientes entre as diferentes unidades sanitárias, assim como foram realizadas outras acções metodológicas sobre a prevenção da Covid-19 tais como formações associadas às questões como Comunicação de Risco e Gestão de Emergência e Desastres, dirigidas às Igrejas, comissões de moradores, associações comunitárias, desportivas, unidades hoteleiras, Serviço Provincial de Protecção Civil e Bombeiros, e demais instituições, sobre prevenção contra a Covid-19.

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